segunda-feira, 12 de abril de 2010

VAMOS BRINCAR DE ÍNDIO!!!


Meninos e meninas indígenas brincam muito. Através de brincadeiras, eles aprendem várias coisas: caçar, pescar, plantar, fazer panelas de barro, trançar cestos e outras coisas mais. As crianças sempre acompanham seus pais nessas tarefas. Nas aldeias, as crianças brincam com os seus animais de estimação: cachorro, arara, macaco, coati e papagaio. Muita farra nos banhos de rio e nas corridas pela mata. Aprendem muito com as histórias contadas pelos índios mais velhos sobre animais e plantas, origem do mundo, além da própria história do seu povo e de seus costumes. Muitas brincadeiras tradicionais brasileiras têm influência indígena.

1-"CAÇADA ESQUISITA"
Cada equipe, usando seus colares, recebem uma lista constando de vários objetos, que deverão procurar na própria sala, no pátio e onde mais for possível esconder, o que foi feito com antecedência pelo professor. Esses objetos serão, sempre que possível, nas cores de cada equipe, para evitar que uma não pegue os objetos de outra. Todos os objetos da lista serão em quantidades iguais a todas as equipes exceto o amuleto que terá apenas um.
Procurar os objetos listados abaixo. Procure sempre pela cor de sua equipe.10 penas de ave, 5 folhas secas, 1 flor, 3 espigas de milho, 2 pedras redondas, 1 amuleto de biscuit (bichinho de massinha), 1 graveto em forma de y, 3 sementes.
Vence a equipe que conseguir reunir todos os objetos pedidos, portanto, a que conseguir encontrar todos os objetos pedidos incluindo o amuleto, que terá só um escondido.

2-SOL E LUA - üacü rü tawemüc’ü
Essa brincadeira também é conhecida em outras localidades com outros nomes como PASSARÁ DE BOMBARÉ.
Crianças dispostas em coluna por um, segurando na cintura do que está à frente. Duas outras crianças, representando o SOL E A LUA, fazem uma "ponte", mantendo as mãos dadas acima. Cantando, as crianças passam sob a ponte várias vezes. Numa das vezes o Sol e a Lua prendem o último ou os dois últimos. Perguntam-lhe para que lado querem ir. A criança escolhe e vai colocar-se atrás do Sol ou da Lua. E assim continuam até terminar. Quando todas as crianças passam, têm-se dois partidos. A duplas mantém os braços dados, e todos mantêm-se segurando na cintura do colega da frente. Vão puxar-se, para ver que partido ganhará. Ganhará aquele grupo que conseguir "puxar" o outro. E puxam várias vezes, marcando ponto para quem consegue derrubar ou desarticular o outro partido.
Nesse jogo vê-se não somente o uso da força. Surge a questão do poder de decisão, que é colocado em evidência. É dada à criança a opção de escolha do partido ao qual quer pertencer. Além disso é também trabalhada a noção de equipe, de conjunto, pois é todo um partido fazendo força para puxar o outro partido.





3-CABAS - Maë
Essa é uma brincadeira conhecida em todas as comunidades por nós visitadas. As crianças são divididas em dois grupos: um de roçadores e outro que representa as cabas. Essas sentam-se frente à frente numa pequena roda, cada uma segurando na parte de cima da mão do outro, como se fosse o ninho de cabas. Cantam e balançam as mãos para cima e para baixo. Os roçadores fazem movimentos com os braços, como se estivessem roçando sua plantação até chegar próximo ao ninho de caba. Um deles, sem perceber bate no ninho e as cabas saem a voar e a picar os roçadores. É um salve-se quem puder.
As cabas ou marimbondos são insetos muito comuns nas matas. Uma picada de caba pode ocasionar muita dor, febre e moleza na pessoa, que às vezes fica um dia sem poder trabalhar, dependendo do local onde foi picado. A moral dessa história é que "quem mexe em casa de caba acaba picado por ela".
O nosso informante, Senhor João Farias, morador dessa localidade, explicou algumas passagens da história dos Tikunas, inclusive a origem dessas brincadeiras. Ele disse que "Yoí foi o primeiro homem que existiu. Ele era só no mundo. Então, perto dele existia essa caba. O nome dessa caba era MATIE. Mas essa caba não queria que Yoí existisse, nem que ninguém existisse no mundo. A caba vivia brigando o tempo todo com Yoí. Quando Yoí tirou as crianças do seu joelho (a origem dos Tikunas conta que Yoí e seus irmãos nasceram do joelho de Nhupata, pai de todos), a caba continuou querendo matá-lo e as crianças também. As cabas viviam numa casa, construída no galho da árvore, que balançava ao vento. Então essa história conta essa briga do Yoí com as cabas".
É exatamente essa a história que as crianças contam nessa brincadeira. Até os movimentos do ninho balançando na árvore é bem representado pelas mãos colocadas uma sobre a outra.

4-GAVIÃO E GALINHA - O’ta i inyu.
Uma criança mais forte é escolhida para ser o gavião, ave forte e comedora de pintinhos. Outra criança representa a galinha, que fica de braços abertos, tendo atrás de si todos os seus pintinhos. O gavião corre para tentar comer um dos pintos, mas só pode pegar o último. A galinha tenta evitar dando voltas e mais voltas, impedindo que o gavião pegue seu pintinho. O gavião só pode pegar o pinto pelo lado. Não pode tocar por cima. Quando ele consegue, come o pintinho, ou seja, a criança fica de fora da brincadeira. Algumas vezes a criança passa a ser também gavião.
Essa é uma brincadeira comum entre as crianças. Quase todos conhecem. Em outra localidade pode até mudar de nome, mas sempre há a figura do gavião como aquela fera que vem para comer os pequenos animais que não podem se defender.
O Sr. João Farias explica que "essa brincadeira existe desde o tempo de Yoí. Esse mesmo povo, os Tikunas, existiam e então apareceu uma fera, no caso o gavião, que na gíria se chama INYU. Essa fera vinha pegar crianças e velhos que não sabiam se defender. Um dia a fera deixou de aparecer. E para não morrer a tradição, hoje as crianças brincam de gavião e galinhas, representando a história, que um dia foi verdadeira".

5-MELANCIA - Woratchia
Crianças representam as melancias, ficando agachadas, em posição grupada, com a cabeça baixa, espalhadas pelo terreno. Existe o dono da plantação de melancias, que fica cuidando, com dois cachorros. Existe outro grupo, que representa os ladrões.
Os ladrões vêm devagar, e experimentam as melancias para saber quais estão no ponto de colheita, batendo com os dedos na cabeça das crianças. Quando encontram uma melancia boa, enfiam-lhe um saco, e saem correndo com ela. É aí que o cachorro corre atrás do ladrão para evitar o roubo.
Quer nos parecer que essa brincadeira é representativa do mundo diário e cotidiano dos Tikunas. A melancia é uma das frutas mais cultivadas por eles na várzea. A figura do ladrão é representativa daqueles que não trabalham, preferindo roubar o que encontram pronto. E o cachorro, sempre fiel ao seu dono, é a segurança do dono da plantação.
6-VIDA
Jogo de bola semelhante à "queimada". Dois partidos, em seus campos. Uma criança lança a bola e tenta acertar em alguém do outro partido. Se conseguir acertar e a bola cair no solo, a criança "queimada" sai do jogo.

7-CURUPIRA
Uma criança fica com os olhos vendados. A outra vem e faz com que aquela dê três voltas girando. Depois, ela pergunta: "que que tu perdeu"? E ela responde "perdi uma agulha; perdi um terçado; E todas as crianças fazem suas perguntas. Quando chega a vez da última criança, esta pergunta-lhe o que o Curupira quer comer. Quando o curupira tira a venda e vê que não tem a comida que ele pediu, sai correndo atrás das crianças e todos saem em disparada para não serem apanhados. Quem for apanhado passa a ser presa do curupira ou vai desempenhar o seu papel
Essa brincadeira assemelha-se a algumas do nosso conhecimento, tipo "cabra cega". Não conseguimos entender por que chama-se Curupira. O Curupira é uma figura lendária amazônica que tem a cabeça virada para trás. Não há nada na brincadeira que lembre a figura do Curupira.

8-PIRARUCU
Em círculo, de mãos dadas, uma criança no centro. Essa criança que está no centro desloca-se e ao pegar no braço do colega pergunta-lhe "qual é essa madeira?". A outra criança responde pelo nome de uma madeira da região. A seguir, o "pirarucu" apoia-se e senta-se nos braços de dois colegas, que o lançam para o ar. Prossegue assim até terminar a roda. Quando termina, começa a fuga. O pirarucu corre e tenta sair do "lago" simbolizado pela roda. O colegas, de mãos dadas, tentam impedir a saída com os braços, que representam madeiras fortes. Quem não consegue evitar a saída vai substituí-lo.
9-TUCUXI
Essa brincadeira é feita dentro d’água. São dois grupo de crianças, representando os botos e os pescadores. Os botos permanecem mergulhando e boiando. Quando saltam fora d’água, os pescadores tentam acertá-los com as flechas. Quem for flechado, morre e se quiser, troca de papel.
O boto Tucuxi é uma figura das mais tradicionais no imaginário popular amazônico. As histórias de boto são muito contadas e todas remetem ao fato de que o boto aparece nas festas, como um homem bonito, de branco e usando chapéu. É sempre disputado entre as mulheres, dada a sua classe e beleza. Mas no final da festa ele some jogando-se nas águas, retornando à sua condição de boto, deixando moças grávidas, na terra, cujos filhos não terão pais. Talvez por isso, na brincadeira, o objetivo maior é matar o boto.

10-CORRENTE
Crianças dispostas em fileira, de mãos dadas. A última será o guia a puxar a corrente, e virá passar por baixo dos braços das duas primeiras. A penúltima criança da corrente nunca passa por baixo, ficando com o braço cruzado à frente de corpo. Na continuação, passarão por baixo dos braços de cada dupla, até terminar. E ao terminar, estarão todos de braços cruzados à frente do corpo.

*********BRINQUEDOS INDÍGENAS********

ARCO E FLECHA E BALADEIRA (estilingue)
Antigamente as crianças brincavam muito de arco e flecha e de baladeira. Porfiavam principalmente em duas situações: para ver quem "balava" mais passarinho, ou para ver quem flechava mais calango.
Para confeccionar a baladeira as crianças usavam a seguinte estratégia: apanhavam uma tala de uma folha de árvore, tipo talo de mamão, que tem um orifício. Tampavam um lado e enchiam de látex. Deixavam secar e depois retiravam o fio grosso de borracha para fazer o brinquedo.
As flechas e os arcos eram confeccionadas por eles, ensinados pelos pais e avós. Usavam o talo de buriti para confeccioná-los. As crianças juntavam-se e treinavam, procurando melhorar a pontaria. Para treinar, matavam os calangos.

COQUITA
A coquita é a semente de uma árvore, tendo a forma de um pequeno sino. Para preparar a coquita, atrela-se um cabinho de madeira amarrado à parte externa dessa semente, deixando o fio com um comprimento de pelo menos 30 cm. Para executar o jogo, segura-se pelo cabo com uma só mão, colocando-o embaixo da coquita . A seguir movimenta-se lançando a coquita para cima, de forma que execute um giro no ar e caia de boca para baixo, exatamente em cima do cabo de madeira.
Repete-se contando o número de acertos, até que o jogador erre. Ganha quem fizer o maior número de pontos. Há quem acerte mais de duzentas vezes.
A coquita parece tipicamente tikuna, e a árvore também é típica da região.


PIÃO
O pião é um tipo de brincadeira muito encontrado em muitas comunidades principalmente em São Leopoldo e na área de São Paulo de Olivença. As crianças brincam muito de pião e há várias formas de disputa.
1. Traça-se uma linha no solo e joga-se o pião para ver quem acerta na linha.
2. Trata-se um círculo no solo e joga-se o pião para ver quem acerta mais próximo do centro.
Em ambos os casos, quem está mais perto da linha, retoma seu pião na mão, e joga em cima do outro pião, tentando colocá-lo mais longe. Às vezes o pião é ferido, partindo-se.
3. Lançar ao ar, e aparar em uma das mãos.
O pião é confeccionado pela própria pessoa.

PETECA (bola de gude)
Antigamente era feita de barro. Confeccionavam 40, 50 bolinhas. Quando secavam, estavam prontas para uso. Há vários tipos de disputa, inclusive a dinheiro.
1. Colocar bolinhas na linha traçada no chão. A alguns metros, outra linha é traçada. Dessa linha é que os jogadores vão fazer o jogo. Têm de jogar e acertar as bolinhas que estão na linha. Quando acertam, ganham uma bolinha.
2. Roda traçada no solo, com as bolinhas dentro. A dois ou três metros traça-se uma linha, que será o ponto de partida. Desta linha os jogadores jogam as bolinhas para acertar as que estão no círculo, levando-as para fora. Quem acertar, ganha a bolinha.
3. Outra forma é traçar um triângulo, e colocar uma bolinha em cada vértice. Da mesma linha distante os jogadores vão jogar, para tentar acertar nas bolinhas, tirando-as do lugar. Quem acerta, leva.

MOTO-SERRA
É confeccionada pelas crianças e pode ser feita de duas tampinhas de refrigerante, tipo chapinhas, aplainadas. Furam-se dois buracos no centro das tampinhas, e passa-se um fio por entre eles, amarrando-se as pontas. Prende-se nos dedos médios e com movimentos de aproximação e distanciamento dos dedos, a cordinha vai enrolando e desenrolando, e as tampinhas, parecendo duas rodinhas, giram ora num sentido, ora no outro. A disputa consiste na tentativa de cortar as linhas do brinquedo do colega. Se tocar no corpo, é possível que corte. Por isso, moto-serra.

LANÇAMENTO DA BOLINHA DE BARRO
A crianças confeccionam bolinhas de barro, espetando-as na ponta de um espeto. A seguir lançam ao rio, para ver quem lança mais distante. Hoje já quase não se vê essa disputa. Em geral as crianças gostam mesmo é de brincar na água, subir nas árvores, "balar" passarinhos e jogar bola.


CAMA DE GATO
Cama de gato é uma brincadeira infantil em que se constrói formas com barbantes presos às mãos.O jogo cama de gato foi criado por culturas indígenas, mas, hoje, crianças do mundo inteiro jogam.
Como jogar:Providencie um metro de barbante, una as duas pontas com um nó, convide um amigo e então, decidam quem começa o entrelace com as mãos. Depois que a primeira cama de gato estiver armada, o outro participante tem o desafio de transformá-la em uma nova sem desmontar e assim vai…Siga as instruções das imagens e tente não se enrolar!

Fonte: Revista Ciência Hoje das Crianças – Ano 21 / N. 191/ Julho de 2008
Beijocas de NICE e da RÔ!

Um comentário:

  1. Gostei muito gostari a de receber porem gosto muito desse assunto vcs estão de parabens. bjs Eliza. meu email : elizabjs@gamil.com

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